quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Debreceni - causa mortis



          O que não faltou foi espanto; ora, o resultado da investigação indicaria o óbvio: envenenamento. Apurou-se o seguinte; brigas intestinas com a mulher (portadora não declarada dum amante rapace), com o filho (homossexual enrustido e caso dum concorrente profissional do finado) e até mesmo com a amante (preterida por pirralha estagiária no escritório); o entra-e-sai do dia-mortis fôra intenso e a chance aparecera, generosa, de várias formas, pois a vítima entretinha-se no sofá diante da tevê com a cerveja E O COPO na mesinha ao lado, ligeiramente atrás do sofá, mais as pipocas (agora esparramadas sobre o obeso cadavér) no colo. Mas, mesmo antes de iniciar a rotina pericial do crime, o que redundaria em semanas de modorrenta procura por evidências pelo óbvio, Aryosto Spínolla perguntou ao legista a provável hora da passagem do sibarita para o Além – e sorriu gostosamente, assustando a todos os presentes. Antonio Paulo, sabedor das idiossincracias do ex companheiro de Polícia Civil - forçosamente aposentado por conta de um inoperável projétil, perigosamente alojado na base do cérebro – sorriu com a resposta que provocara o espanto geral:

         “Puta que o pariu, foi Debreceni!”

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         O que não faltou foi paparicação. Aliás, uma rotina incômoda para o aposentado da Civil, acostumado a vislumbrar o óbvio no palheiro de falsas agulhas; Antõnio Paulo repetia o cerimonial (merecido) de encher O COPO (é um perigo, esquecer o Caps Lock do Notebook ligado!) do ex-agente, agora investigador particular com o melhor vinho chileno que conseguira na conceituada adega de Campo Grande, Rio; os 'sherlockholmes tupiniquins' levaram três semanas para constatar o que o clone do professor Emmet Brown – com a basta cabeleira grisalha emprestando-lhe ares de louco prestidigitador do crime – descobrira, só de olhar o cadáver refestelado no sofá. Bastou saber a hora em que o Debreceni, da Hungria, derrotara ao Barcelona dos múltiplos cracaços no Camp Nou catalão, e saber se o finado empatara toda a grana da família – e do escritório – em apostas, para ter cem por cento de certezas. Certezas que o malucão grisalho sacara logo de cara. Causa mortis? Infarto fulminante ali, no sofazão velho de guerra – mais amigo do que o bando de harpias parentais, agradecendo aos Céus tão oportuna zebra na Champions League.

        Aliás, até na Espanha... o que não faltou foi espanto! E infartos...




3 comentários:

  1. Para quem é um torcedor fanático é de matar mesmo. hehehe! Esse time é a primeira vez que ouço falar dele! Ou eu que sou desatualizado ? De qualquer forma, derrotar o Barcelona não é pouca coisa. Bom demais, amigão! Abraços. Paz e bem.

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  2. Bah, há quanto tempo eu não vinha aqui! AdooooooooooRo!

    Sobre o meu livro, me passa teu e-mail que eu explico. É facinho, facinho ;)

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  3. Nunca ouvi falar desse time, Debreceni,mas O COPO, isto sim, parece-me uma denúncia velada.Acho que o micróbio da dúvida e das suas elocubrações está solto por aí. Beijos!

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