Palavras marotas!
Visto-as como se fosse domingo de missa,
espero que elas se comportem
mas, qual! As danadas aprontam
e me surpreendem.
Da vida dos outros, elas me revelam
e apuram, sem pudores, o escrutínio das almas.
Da charmosa indefinição das mulheres
elas me confessam: “É grupo!”
E das bravatas masculinas, transcritas para folha
desnudam-se cães
que só ladram e uivam
justamente por escassez de palavras.
Lutar com palavras, como diria Drummond,
é a luta mais vã;
mas, vinda a manhã, estou derrotado.
Pois sou bom de boca p'rá beber:
Dispenso estilos, ignoro os ritmos,
pois só cuido de palavras nesta creche que sejam órfãs
de pai, mãe, PALOP's ou ONG's:
não estou atrás das filhinhas d'Aurélio
ou das sobrinhas do Pasquale Cipro Neto!
Quero frases putas, declarações vadias,
pronominais porras-loucas
e as hippies fedorentas de baixo calão.
Pois delas, serão o Reino dos Céus,
creiam-me! Ou não.
Só preciso mesmo é que minhas palavrinhas gostem de mim...
pois, delas, cuido com esmero e operância
mesmo que, filhadaputamente,
elas me abandonem na hora
em que mais preciso:
quando a cabeça de baixo e o coração de dentro
traduzem-me, impiedosamente...