quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sagitário está chegando!







   Logo após o Carnaval (em data a ser anunciada com a editora), o segundo livro virá ao mundo... e sob o signo ígneo, impetuoso, brusco mas determinado de SAGITÁRIO.

   Por quê SAGITÁRIO, se sou canceriano? Nada a ver com Astrologia. Ou quase.

   "Viagens e Delírios" foi o impulso inicial nas alamedas da literatura, um 'dèbut' para que o sonho não ficasse apenas no reino próprio e adequado da imaginação; era o convite não só aos devaneios que me cercam até hoje como também é o lançamento dum desafio íntimo: fazer uma literatura diferente. Não no sentido da angariar ibope mas de inovar a maneira de se narrar uma história qualquer, fictícia ou não. Todos os escritores são impulsionados a escrever por influência de estilo em algum grande mestre da pena; mas incorrem numa espécie de comodismo quando navegam superficialmente nas águas de outrem. Vê-se que, mesmo tendo a novidade nos textos, a narrativa acompanha uma trilha que já fora desenhada por outro. Não mais se vê uma mudança radical na técnica de narrar por medo, segundo um amigo maranhense, de ter seu estilo tachado de confuso ou ambíguo. Quando escrevi "Viagens" sabia sagitarianamente das armadilhas por onde a ousadia me conduziria. Mas teimei, em nome daquilo que sempre acreditei na literatura em si, aquilo que determina, inclusive, o destino de idiomas nacionais ao longo de milênios, a deriva da língua. Mesmo o Português que falamos com tanto orgulho, já foi o palavreado chulo das sobras latínicas que os bárbaros adaptaram às suas tribos em épocas tenras do Ocidente Cristão. Prepotência da minha parte? Não: eu não quero ser o grande "reformador do idioma", nada disso. Acho, apenas, que um idioma tão rico e mal usado como o Português deveria ousar mais e melhor quando levamo-no para a brancura virginal duma página, ansiosa por palavras. 

      Claro, há os efeitos colaterais: levei mais de um ano e meio para dar cabo de (apenas) trezentas unidades publicadas - em parte, por falta dum contrato de marketing para escoar minha primeira edição. Vergonhoso revelar tamanho fracasso editorial, não? Mas estou feliz e realizado com cada um desses "fracassos". Pois cada um dos escolhidos com esse livro de capa azul-de-sabóia, emoldurado com o "Navio" de Salvador Dalí, sabe que tem uma obra de trabalhada e cuidadosa qualidade nas mãos. Não um fenômeno editorial, com canapés e scotches fartamente degustados e vendidos numa só noite de livraria cheia, mas um livro onde cada palavra teve o mesmo carinho e atenção dedicada por mim e pela excelente equipe da Editora Muiraquitã, com quem tive o prazer e a honra de trabalhar. Posso dizer com sinceridade e amor no peito: "São minhas, as palavrinhas gestadas e paridas neste livro; podem confiar, elas valem cada centavo que investiram, elas são a minha declaração de amor à Literatura Nacional". E quem me conhece, sabe que eu AMO, de verdade, as palavras. Nem sei como é que estou fazendo História...

        SAGITÁRIO - Contos e Crônicas, é a continuação desta cruzada a favor da melhor utilização possível do nosso idioma, com mais ousadia e suor. Vem com alguns textos já conhecidos no Recanto das Letras e Sina de Escritor, mais alguns inéditos, que vão abrir o apetite do leitor com fome de novidade no reino das letras. Como o signo que encabeça o tomo, a narrativa vem repentinamente diferenciada, porém um pouco menos rebuscado. E com uma novidade (que espero ansiosamente a colaboração da nova editora no quesito 'orçamento'): ilustrações. Inclusive de viagens feitas por alguns lugares do Brasil em que estive por amar tanto História quanto Literatura. 

      Portanto, amigos e seguidores: "SAGITÁRIO" está chegando. 

      Só posso garantir uma coisa: de mesmice ou vulgaridade ninguém será atingido. A flecha literária do Centauro tem um alvo certeiro, O PRAZER DUMA BOA LEITURA. Sempre!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ibericum Peregrinatur

Jorge Luiz da Silva Alves


            Em Lisboa, consagração: animado pelo galope de dois cavalares músculos em bombear hemodinâmico, abandonei-me por inteiro à peregrinação pelos encantos da peninsular paixão que carregara-me, meses a fio, em incerta e tempestuosa diáspora de meus credos arraigados; em Compostela, fiz o inverso itinerário dos monges do formalismo ético-social, abalroando penitentes, néscios no que tange a autenticidade dos desejos; em Toledo, armei-me para lutar  - aço contra aço - contra as maquinações das abandonadas ao relento emocional; em Madrid, tivemos nossa Guerra Civil: dois miúras enfurecidos a impôr caprichos; Valência acolheu-nos em saborosas abluções à beira-mar; Sevilha, outra cruzada , católico-inquisidor versus moura-encantada; Barcelona, fizemo-nos encantadores para o mundo e monstruosos para nós mesmos... enfraquecidos por tantas contendas, resolvemos: um último e vibrante flamenco antes de transpôr os Pireneus, o nosso Rubicon - mas não ouvimos a trompa ou o retinir da durindana de Rolando nos desfiladeiros de nosso amor caliente, inigualável porém frágil e vulnerável ante a traiçoeira horda basca sobre o Magno desejo de imperarmos sobre tudo e todos, invejosos e certeiros... o epílogo de uma história tão bela, pura e maravilhosa que, agora longe da tempestuosa e fascinante hispanidade que revestia sua alma ígnea,merece um lugar na Eternidade, entre sonhos belos, numa fantástica e inesquecível viagem, Quixote e Dulcinéia, Eurico e Hermengarda, eu e vocês, saudades... Adiós, e vaya com Dios.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Adeus Complicado

Jorge Luiz da Silva Alves



           Despedidas são complicadas para mim. Vivo te confundindo toda vez em que, já na porta d'entrada, suas esquivanças são contornadas pelas centenas de mãos que apresento nos contornos nacarados – levemente batizados por toda uma noite de passeio saboroso de meus lábios em cada esquina da libido - , e lá vamos nós, novamente, no muxarabi, no tapete pseudo-persa, nos almofadões turcos da rua da Alfândega... e lá se foi tua urgência com suas irmãs na floricultura, no consultório às duas da tarde, nas Casas Bahia para devolução com notas de compra; e eis você, seminua e implorando por mais, mais, mais; e eis-me aqui, profano longinus a ferir tua agenda e todo o maldito calendário na sagrada faina do amor sem travas ou limites! Jazida no chão, em sudário delível pela paixão descontrolada, detonada que fôra por um 'adeus' sem muita vontade, fizemos com vontade extremada a mais saborosa despedida de nossas vidas... para, amanhã, depois ou, sabe-se lá quando você volta por essas bandas. Uma coisa é certa: se te levar, de novo, à porta para despedidas, serás sempre bem alimentada com boa lenha-de-lei por este foguista da tua inapagável fornalha...!